segunda-feira, 22 de agosto de 2011

70 anos de Conservação

Um tesouro de biodiversidade é o Parque Estadual do Morro do Diabo, com mais de 35 mil hectares contínuos de Mata Atlântica, cercado de um grande rio - o Paranapanema e repleto de espécies vegetais de animais de grande importância para o ciclo da vida.

Estamos diante da maior amostra de Floresta Estacional Semidecidual do país, inserida nos domínios morfoclimáticos da Mata Atlântica brasileira. Originalmente a FES cobria parte dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, a partir da faixa oeste das montanhas costeiras e, por este motivo, alguns autores a denominam Mata Atlântica de Interior, um dos ecossistemas terrestres mais ameaçados do mundo. Dentro deste contexto encontra-se o PEMD e os fragmentos que o rodeiam.


Foto: Alex Quilice
A relativamente grande extensão da área do PEMD e seu bom estado de conservação permitem a ocorrência de importantes espécies da fauna, algumas citadas em listas de animais brasileiros ameaçados de extinção, como a anta (Tapirus terrestris), a queixada (Tayassu pecari), o bugio (Alouatta fusca), o puma (Puma concolor), a onça-pintada (Panthera onca) e outros felinos. A espécie bandeira que o habita é o mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus), até pouco tempo considerada um dos primatas mais fortemente ameaçado de extinção do planeta e que no parque possui sua maior população na natureza. Também as mais de 280 espécies de aves e 450 de lepidópteros devem ser citadas, pois encerram uma fantástica diversidade.

Foto: Alex Quilice
Apesar da rica diversidade conhecida, a lista faunística do Parque ainda é incompleta, como se denota com a descoberta recente de uma espécie nova de bagrinho (Trichomycterus sp.), endêmica dos seus límpidos córregos, além de cinco espécies de aves e nove da herpetofauna que não haviam sido registradas anteriormente.

A região do Pontal do Paranapanema, e, por conseguinte, do PEMD, está incluída nos limites do Decreto 750 (BRASIL, Leis, decretos, etc., 2000), que define legalmente a existência e os domínios da Mata Atlântica. É também região prioritária para a conservação, por sua extrema importância biológica, declarada no workshop “Avaliação e Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos” e pelo renomado projeto que estudou a biodiversidade paulista, o ‘Biota-Fapesp’. É uma das áreas núcleos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica Brasileira, designado em 2002.
Foto: Jairo Tardelli

Conservar o PEMD é conservar direta ou indiretamente os diversos fragmentos de mata ao redor da UC, cujos tamanhos variam desde manchas com menos de 100 hectares a até alguns com cerca de 2.000 ha, que já foram inclusive transformados em Estação Ecológica federal. O parque é exemplo motivador para a recuperação de áreas degradadas, áreas de preservação permanente e implantação de corredores ecológicos, políticas e atividades que de fato já são implementadas por usinas de álcool do entorno, empresas, prefeituras e ong’s. É combustível para uma série de lutas e conquistas ambientais regionais para acrescer a cobertura vegetal da região do Pontal, que hoje se encontra em torno de apenas 5% da cobertura original.

Considerando-se todas as suas características e potencialidades, pode-se dizer que o PEMD exerce influência ecológica, cultural, social, histórica, paisagística e econômica de grande relevância na região em que se insere. O Parque é um orgulho da população, principalmente porque é um dos poucos motivos de notícias positivas que essa região tão conflituosa produz na mídia. Além disso, a área do Parque possibilita ao município arrecadação proveniente do ICMS ecológico. Em última instância, o PEMD é fonte de saber, de inspiração e de renovação do espírito humano.


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